segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Porque o mundo é clichê

Não importa o quanto você saiba ou tenha. Não importa o que você queira ou consiga, estará sempre voltando ao mesmo ponto.
Noite dessas tomando um breja sozinho em um boteco e observando as pessoas e seus diálogos alcoolizados, ouvi uma garota sintetizar todo o desabafo da amiga numa só frase:


“Ai como você é clichê”!


E ai pensei:

Mas quem não é?!


Somos vestidos de clichês, respiramos clichês e se observarmos bem os melhores amores e experiências da vida vieram de ações ou decisões clichês. Portanto, aperte o "Foda-se" e comece sua semana “clichê” sendo repetitivamente “clichê”.

Boa semana a todos!



domingo, 14 de outubro de 2012

Uma carta ao desamor


Sentimentolândia, primeiro de Abril de qualquer ano que seja.

E eu errei. Errei quando olhei, quando me aproximei, quando escutei.
Me enganei quando achei que encontrei. Quando achei que reparei. Quando achei que destoei.
Na verdade o que aconteceu é que eu não percebi. Não percebi a presença do medo, a ausência da coragem e a falta concreta da vontade.
Eu entendi tudo errado. Entendi errado seus olhares, seus beijos e os mais sinceros lapsos de amor.
Na verdade o que aconteceu é que eu confundi. Confundi teus mais empolgados planos, teus constantes relatos de “quando”, seguidos dos mais carinhosos gestos.
Eu senti quando teve medo, quando se afastou em segredo e profetizou seus mais novos desejos. E te respeito.
Só te peço que da próxima vez que for irrigar seu coração, escute com calma a emoção. Por que o verdadeiro amor surge dos mais elevados níveis da paixão e quando confundidos podem mutilar a emoção.

Com carinho,

Marrentão.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Porque Xico Sá sim... é fodão!

Folha de São Paulo, 08 de Outubro de 2012.


De 89 missivas e mensagens recebidas nos últimos dias por Miss Corações Solitários -a conselheira sentimental deste blog-, 50 tratavam de desilusões amorosas. De machos & fêmeas que dizem categoricamente: não quero mais amar a ninguém.
Pensando nestas almas aflitas, nesta primaveril segunda, rasbiquei esta breve e rasteira filosofia de consolação:
Triste de quem fica desiludido(a) e evita outro amor de novo, cai no conto, blasfema, diz “tô fora”, já era, tira onda, ri de quem ama, pragueja e nunca mais se encontra dentro das próprias vestes.
Como se o amor fosse uma bodega de lucros, fiado só amanhã, um comércio, como se dele fosse possível sair vivo, como nunca tivesse ouvido aquela parada de Camões, a do fogo que arde e não se sente, a da ferida, aquela, o Renato Russo musicou e tudo, lembra?
Triste de quem nem sabe se vingar do baque, sequer cantarola, no banheiro ou no botequim, “só vingança, vingança, vingança!”, o clássico de Lupícinio Rodrigues, o inventor da dor-de-cotovelo, a esquina dos ossos úmero com os ossos ulna (antigo cúbito) e rádio, claro, lição da anatomia e da espera no balcão da existência.
Tudo bem não querer repetir, com a mesma maldita pessoa, os mesmos erros, discussões, barracos  e infernos avulsos e particularíssimos.
Triste de quem encerra o afeto de vez, como se aquela mulher e/ou aquele homem “x” fossem fumar o king size, duvidoso e sem filtro, lá fora, e representassem o último dos humanos.
Chega do clichê e do chavão de que todos os homens ou mulheres são iguais.
São, mas não são, senhoras e senhores. Cada vez que uma folha se mexe no universo a vida é diferente.
Todos os machos e todas as fêmeas são novidades. Podem até ser piores, uns mais do que os outros, porém dependem de vários fatores. Não adianta chamar o garçom do amor e passa a régua para sempre por causa de apenas um(a) sujeito(a) –como se representassem a parte pelo todo da panelinha do mundo.
O que não vale mesmo é eliminar o amor como proposta mínima na plataforma política de estar vivo.
Já pensou quantos amores possíveis, como diria o Calvino, você estaria dispensando por essa causa errada?
E quem disse que amor é para dar obrigatoriamente certo?
Amor é uma viagem. De ácido.
Amar é… dar ou levar pé-na-bunda.
Depois, como se diz, a fila anda, mesmo que mais demorada que a do velho INPS ou do que a dos ingressos para a final do campeonato.
E tem mais: a única vacina para um amor perdido é um novo amor achado. Vai nessa, aconselho! Só cura mesmo com outro.
Sim, o amor acaba, se não entenderam ainda… corram a ler o gênio mineiro Paulo Mendes Campos:
"em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba."
Vamos esquecer a ilusão católica do até que a morte separe os pombinhos e viver lindamente o amor e o seu calendário próprio. Muitas vezes não temos o amor da vida, mas temos um belo amor da quinzena, que de tão intenso e quente logo derrete.
Foi bonito.
Vale tudo, só não vale o fastio e a descrença.


Obrigado Julia Drezza