sábado, 27 de abril de 2013

O "pequeno" mundo dos "grandes"


Linha Verde do Metro de São Paulo. Sexta-feira, 20:45hrs. Entre dezenas de pessoas aglomeradas uma mulher de aproximadamente 30 anos discute ou melhor, vomita toda a sua revolta para um possível marido travado de vergonha diante de um vagão cansado, depois de uma semana de trabalho.
A mulher TPM não poupava adjetivos para o coitado homem e como se tivesse sido a vida inteira enganada por falsas promessas, ela não media esforços para tentar humilha-lo diante de todos aqueles olhares perplexos. Na plateia, sentado na primeira fileira assistindo o espetáculo uma criança e seu pacote de Doritos. Ele comia e olhava para ela, em seguida para ele e depois para mãe.  Olhando para ela, para ele e para mãe. Assim, calado como todos nós e com exceção da gritaria da louca em cena, só o ruído do Doritos sendo triturado pelos pequenos dentes era ouvido. A ação permaneceu por 4 estações. Quatro longas e inalcançáveis estações.
E então, quando tínhamos certeza de que tudo já tinha sido dito e ouvido naquele local, somos surpreendidos com um silêncio. O garoto então chupa os dedos indicador e polegar que estavam sujos com aquela maçaroca amarela-avermelhada de corante químico, vira-se para a mãe e diz:

“Gente grande é estranho né mamãe”???

A mãe baixa a cabeça num mix de vergonha e impotência diante da conclusão questionada do pequeno e eu, me segurando para não falar o que não devo, penso:

“É verdade moleque...
A gente finge amar para não contrariar sendo o contrario a real.
A gente trepa sem camisinha pra sentir mais prazer sem se preocupar com o final.
A gente tatua a pele pra ficar diferente e fica tudo igual.
A gente se droga para se sentir bem e fica mal.
A gente é tonto, babaca, invejoso e intolerante mas sempre acha que está correto e o mundo é que tá fora do normal".

Esses somos nós, os  “adultos” que insistimos em governar o mundo quando na verdade deveria ser feito pela honesta e sincera alma de uma criança. 

Universidade para que? Se é no primário que encontramos os sábios.